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sábado, 22 de janeiro de 2011

Sobre uma promessa enterrada...

Caminhei a duros passos. Meus joelhos já não eram tão fortes e precisavam da ajuda da bengala, minha velha amiga. Enquanto me dirigia para o local de costume, apreciava a paisagem. As folhas amareladas no chão, a trilha batida que indicava o caminho por onde meus pés deveriam seguir, os pássaros calados a me observar do alto das árvores, acho até que sabiam o que eu estava fazendo ali. O dia era frio e ventava um pouco. As recordações eram muitas e encharcavam meu coração velho. Mas estava ali como o prometido. Após sua morte, havia lhe jurado retornar a este local e desenterrar o passado. Quando ainda éramos jovens, viemos a este local e enterramos duas cartas no pé de um salgueiro. Cada um escreveria o que viesse a mente, enterraríamos as cartas e só retornaríamos aqui depois da morte de um ou de outro. A vida prega peças e não segue uma lógica. Pensei que por ele ser mais novo, ele morreria depois. Me enganei.
Agora aqui estou, caminhando para o salgueiro. Ao chegar perto da grande árvore meu coração contraiu causando-me dor. Os passos ficaram mais pesados e minha bengala quase não suportava meu próprio peso. Estava sozinho. Tinha que estar. Fazia parte do combinado. Apoiei minhas mãos na imensa árvore e fui me sentando lentamente. Olhei para o tronco e vi a gravura entalhada com canivete: Biullers Forever.
Sorri com o canto da boca. Olhei para o chão e repousei a mão entre duas raízes. É aqui. Peguei a bengala que estava escorada na árvore e comecei a cavar. Minhas mãos e braços já não eram tão fortes como no dia em que abri o buraco pela primeira vez. Bastou pouco esforço para me deparar com a tampa do pote de margarina que serviu de urna para as epístolas. Suspirei, um pequeno filme me passou pela cabeça. Recordações de uma amizade que começou de uma brincadeira infantil quando ainda éramos estudantes e agora me pego aqui, cumprindo uma promessa de uma vida inteira, me esforçando, caminhando uma enorme distância simplesmente para atender um pedido. Mas ele era meu melhor amigo, meu parceiro ou como dizíamos “irmãos de alma”. Acabei de desenterrá-la com as mãos, era como revirar seu túmulo e retornar ao passado. Abri a tampa com facilidade. Olhei no fundo do pote e lá estavam as duas cartas. Instantaneamente distingui qual era a minha, com o coração aos pulos peguei a outra. O papel ainda estava incrivelmente conservado e sua textura intacta. Delicadamente fui desdobrando o papel até que a folha inteira se abriu pra mim. Prometi a mim mesmo não chorar, mas quase descumpri a promessa ao reconhecer sua letra. Bem! - respirei fundo – Lá vamos nós.
. Nela estava escrito o seguinte:

Biuller, se encontrar esta carta estarei feliz, sim, porque em primeiro lugar você cumpriu nossa promessa e em segundo, meu desejo se realizou.  Pedia a Deus que se você vivesse cem anos, gostaria de viver cem anos menos um dia, assim não teria que ver você morrer. Egoísta? Talvez. Mas pense. Se chorei no seu casamento, imagine o que aconteceria no seu velório? Melhor nem comentar. Ficamos separados muito tempo e nesse intervalo descobri que a amizade é como a saúde perfeita, seu valor é raramente reconhecido até que seja perdida. Em muitos momentos nossas histórias se confundiram. Você sabia a canção do meu coração até quando eu tinha esquecido a letra. Mas tudo bem! A vida é assim. Se você estiver lendo esta carta é porque eu já não estou aí pra te perturbar, então me faça um último favor. Quando morrer também e chegar ao lugar onde passará o resto da eternidade, pergunte ao responsável se você pode trazer um amigo. Um forte abraço, meu irmão.
Ass.
Biullerzinho.

Minhas mãos estremeceram, minha visão se turvou. Trinta minutos depois e lá estava eu, apertando o pedaço de papel contra o peito e chorando copiosamente. A carta era pequena, mas suas palavras simples e sinceras me fizeram desmoronar. Tinha prometido não chorar, mas no meu íntimo, sabia que seria impossível. Até algum dia companheiro. - disse deslizando a mão sobre a inscrição no tronco da árvore - Até algum dia.

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