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Primeiro Capítulo do livro - Enigma, o mistério da Carta

A Carta

Na taberna Longinus, uma das mais antigas da cidade de Patmos, com mesas perfiladas, fraternalmente iluminadas por velas enfiadas em velhas garrafas de vinho, várias pessoas conversavam sobre os terrores das guerras passadas, sobre as glórias alcançadas e o crescente receio das que poderiam surgir no futuro. Essas calorosas e inquietas discussões, típicas dos mais velhos moradores da cidade, faziam com que Longinus permanecesse aberta mesmo depois de um negro período conhecido como: “Império do Medo”. Tempos obscuros e temerosos que os mais antigos relutam em contar aos mais novos, devido às lembranças cruéis das batalhas sangrentas e das perdas prematuras de seusentes queridos.
A pequena taberna sempre foi um lugar acolhedor, seu cheiro lembrava as velhas e famosas livrarias goryanas com suas altas estantes e uma quantidade estrondosa de livros, pergaminhos e mapas. Os forasteiros podiam se enganar, mas os naturais de Patmos sabiam e desfrutavam daquele espaço com grande respeito e reverência, pois dentro daquelas espessas e rudes paredes, grandes estratégias foram tramadas
por seus mais admiráveis heróis de guerra.
No lado oposto das pequenas e estreitas janelas de Longinus, que situavam-se de frente para rua, sentado, bebendo algo que pela cor supunha-se ser Triq1, um homem – cujo rosto não se enxergava muito claramente devido ao capuz que o cobria deixando desnudo somente parte dos olhos – refletia olhando para o copo envolvido entre os braços, com as mãos entrelaçando os dedos.
O titilar das garrafas e o balbucio das vozes sobressaltaram o rangido e poucos escutaram a porta da taberna se abrir levemente. Surgindo devagar, com olhos verdes, cabelos curtos e avermelhados, andar discreto, quase felino de tão silencioso e apesar de sua aparência nada habitual, as pessoas mal notaram a presença daquela bela jovem
se dirigindo para o fundo da taberna.
Posicionou-se de frente para mesa em que estava sentado o encoberto homem e tão logo colocou sobre ela uma carta selada com cera marrom, onde podia ser visto um brasão que poucos conheciam. Neste emblema marrom escuro, assemelhando-se mais a sangue seco, desenhava-se em auto-relevo, um enigmático símbolo. Após ter colocado a carta sobre a mesa, ela se dirigiu ao homem:
– Reconhece isso? – Perguntou.
– Porque deveria? – Respondeu ele conciso, não parecendo estar surpreendido com a presença da bela moça.
– Se é quem penso que é, deveria saber. – Retrucou num tom desafiador.
– Não confio em mulheres de olhos verdes e não gosto do seu tom de voz.
A jovem se espantou. Mesmo sem nunca ter dirigido o olhar para ela, sabia com exatidão a cor de seus olhos. Inconscientemente começou a tratá-lo com mais respeito.
– Nunca fomos apresentados, como o senhor sabe que tenho olhos verdes?
– Quantos anos tem, moça? – Perguntou ele com a voz rouca, quase inaudível, ainda olhando para o copo.
– Por favor, não mude de assunto. Perguntei ao senhor duas coisas que ainda não me respondeu.
– Quantos anos tem? Sua voz grave e rouca a fez entender que ele falava sério.
– Dezessete anos! – Havia uma certa autoridade em sua voz, como se aqueles anos vividos lhe creditassem mais respeito.
– Não conhece nada da vida menina. Ainda tem que provar a si mesma o porquê de sua existência.
– Não tenho que provar nada a ninguém! Quem o senhor pensa que é para falar comigo desse jeito? – Disse ela indignada com a audácia do desconhecido. Acabara de conhecê-la e, no entanto julgou-a sem a menor discrição.
Nesse momento o homem encapuzado levantou os olhos levemente e com uma das mãos sinalizou para que ela se sentasse.
– Não me sento à mesa com estranhos. – Respondeu ela sem entender o motivo do convite, ainda ressentida pelas rudes palavras do homem.
Voltando a olhar para o copo, o misterioso senhor recomeçou a falar:
– Quando era bebê, você perdeu seus pais, e tudo o que de mais importante temos na vida. Foi criada nas ruas e aprendeu sozinha a sobreviver nelas...
Assustada e ainda sem entender o que estava acontecendo, ela o interrompeu:
– Quem lhe contou isso? Sua voz estava trêmula como o fogo da lareira que aquecia a taberna.
– Você! Sua resposta curta imprimiu autoridade e veracidade.
Tentando ganhar tempo para poder organizar melhor suas idéias e compreender o que estava se passando ali naquela antiga taberna, ela para se defender, atacou – o com palavras.
– O senhor acredita que pode me impressionar facilmente só porque sou uma garota...Nesse instante, o homem segurou sua mão e um frio gélido congelou sua alma, como se uma lâmina afiada transpassasse seu corpo ao meio. Suas pernas enfraqueceram e mesmo contra sua vontade, deixou-se cair sobre a cadeira. O misterioso encapuzado esperou até a jovem recuperar-se um pouco, para depois continuar a lhe contar sua própria história.
– Era uma noite úmida e fria – continuou ele – com muita fome e sem ter o que comer, você decidiu mais uma vez, invadir a fazenda dos Mongols, a mesma que sempre visitava quando não lhe restava outra alternativa para conseguir alimento. Como ainda era muito jovem e inexperiente, não se preocupou em analisar o terreno e não desconfiou que devido aos furtos passados, o dono da fazenda havia lhe preparado uma tocaia. Uma vez lá dentro, foi surpreendida por um capanga que, a mando dos Mongols, lhe deu uma terrível e inesquecível lição.
Enquanto você gritava, abraçada a um pilar de madeira, com as mãos e os pés atados por grossas cordas, um punhal deslizou penetrando em sua carne, fazendo-a sentir o calor do próprio sangue escorrendo sobre a pele desnuda. O capanga deixou-lhe três lembranças, lhe marcou três vezes as costas e essas cicatrizes você tem até hoje.
A cabeça da moça girava e seus pensamentos vagavam pelo tempo. Podia sentir cada palavra proferida pelo misterioso senhor. O passado que ela mantinha guardado, escondido em seu coração para que ele não a machucasse tanto, havia sido contado em detalhes por um estranho que acabara de conhecer. Por mais que negasse e tentasse fingir que aquilo não havia acontecido, as palavras ecoavam em sua mente remetendo-a novamente àquele pesadelo adormecido pelo tempo, mas que agora, como um vulcão aparentemente adormecido, explodiu com toda sua fúria, despertando suas mais marcantes e dolorosas lembranças.
– Como o senhor sabe de tudo isso? – Perguntou ela, com a cabeça voltada para o chão, sem coragem de olhar nos olhos do homem que conhecia seus mais íntimos segredos.
– Como pode ver, ainda não conhece nada da vida. Acredita mesmo que já passou por tudo? Seria capaz de fazer qualquer coisa para conseguir o que quer? – O misterioso empurrou seu copo para perto dela. – Tome, beba isto!
Ela balançou a cabeça de um lado para o outro. Não estava com vontade de beber nada. O nó em sua garganta mal permitia o ar entrar. – Beba, vai te fazer bem. – Insistiu ele. Meio sem jeito, ela pegou o copo e tomou um pequeno gole. O líquido desceu pela sua garganta queimando feito fogo, seu corpo e seu rosto demonstraram aquela desagradável sensação e ela se contorceu por inteira, porém não reclamou.
– Como me encontrou? – Perguntou ele, pegando seu copo novamente.
Ela continuou com seu rosto voltado para o chão sem dizer nada. Sentia-se meio tonta e enjoada, sua cabeça pesava como se estivesse acordado de um sonho ruim.
Olhe para mim! Sente medo ou vergonha? – Insistiu o homem
tentando retomar a conversa.
– Ninguém sabe dessa história. – Disse ela com a voz embargada, falando pausadamente, nem parecendo a mesma pessoa confiante e decidida que chegara a instantes o interrogando. – Você foi dizendo exatamente o que aconteceu naquela noite como se estivesse lá. Sempre procurei esconder, esquecer, e agora...
Não suportando mais o penetrante olhar daquele homem, ela se levantou rapidamente, pegou a carta que estava sobre a mesa e saiu depressa em direção a mesma porta por onde havia entrado. Sem olhar para trás, reprimiu ao máximo a vontade de gritar e tirar de sua mente todas aquelas palavras que a reportavam para um tempo em que sua vida valia menos que estrume de vaca magra e sem leite.