Era mais de duas horas da manhã quando me deparei com a fonte da Praça da República. Ela não estava colorida como nas noites de fim de ano, mas ainda tinha dois palmo de água no fundo. Debrucei-me no murinho que circunda o chafariz e pude ver meu reflexo na superfície da água. Bonito? Bonito eu não sou. Feio? É, ta mais pra feio. No entanto depois de “umas par” na ideia, não sou de se jogar fora também. O que eu tinha que fazer pra não dormir só aquela noite, era embebedar alguém, de preferência uma mulher (risos). Mas onde? Tirei meu violão do estojo e comecei a cantar umas músicas antigas que tinha guardado no fundo da memória. Junto com o estojo sempre levava junto um garrafa de conhaque, que servia de catalisador vocal, se é que me entendem. Depois de um tempo tocando, quando já estava até entretido comigo mesmo, escutei um “psiu”. Olhei para os lados esquadrilhando todos os cantos e não via nada. Pensei – não tomei nem metade da garrafa e já estou ouvido coisas. Foi quando os pelinhos da minha nuca se ouriçaram. Uma gata, loira e linda dentro da fonte. Firmei a visão e o foco para ver se não estava sonhando. Uma Deusa estava bem ali na minha frente, submersa até a cintura. A única palavra que saiu da minha boca foi: - SEREIA! Ela sorriu e acenou positivamente com a cabeça. Rapidamente guardei o violão e a convidei para um passeio pela cidade. Ela respondeu com sua doçura: Mas eu tô toda molhadinha. Sua voz foi música para os meus ouvidos. Seu jeito delicado e feminino atiçou meu instinto animal. Respondi: - - Assim fica melhor ainda! Quer dizer, molhada é mais bonita ainda. Assim q saiu da água, o rabo de peixe deu lugar a duas belas e torneadas pernas humanas.
Caminhamos sempre na direção da pensão onde me “escondo”. Ao chegarmos ela não hesitou, entrou no meu quartinho simples sem fazer cerimônia. Que mulher! Não vou contar os detalhe da noite, pois não sou desse tipo, mas posso lhes garantir que foi mais do que eu esperava. No dia seguinte acordei e não a vi. Havia desaparecido. Que pena, nem anotei seu telefone. Mas o que eu estava pesando? Certamente havia sonhado. Claro Chico, ficou louco, ta pensando o que? É obvio que foi um sonho. Uma Deusa daquela não ia aparecer dentro da fonte da Praça da República às três horas da manhã. Ainda sonhando acordado, fui tomar café na cozinha da pensão. Passado alguns minutos escuto dona Zoraide gritando meu nome fula da vida. Quando chegou a cozinha perguntei inocentemente o que tinha feito de tão grave dessa vez?
Ela encostou o cabo da vassoura no meu ouvido e disse: - Da próxima vez que quiser limpar peixe, me dá que eu limpo. Ergui os ombros e disse: - Peixe? E ela respondeu: - Ta surdo também é? Peixe sim! Tem escama pra tudo quanto é lado na cama e no banheiro do seu quarto. E completou me dando uma paulada de cabo de vassoura na cabeça. Sorri por dentro em completo êxtase. Então foi verdade? De repente uma dor nas partes baixas me tirou do devaneio da noite anterior. Enfiei a mão por dentro da bermuda e tirei uma escama de dentro da cueca. Olhei bem para ela e pensei:
- Será que transei com a metade peixe ou com a metade mulher? Bom, de qualquer forma vamos olhar pelo lado positivo. É muito melhor passar a noite com uma SEREIA do que com um MINOTAURO. Se é que você me entende...
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